Erradicaste a melancolia
com o alto patrocínio da UNESCO.
Os teus pares
(e os ímpares também
– que não és de discriminar
por feição aritmética)
rasgaram os maiores elogios
e tu ficaste sem saber aonde estacionar;
não é de agora
nunca soubeste abraçar as loas
tu que, amoedado na humildade,
sempre habitaste na penumbra
e nunca aceitaste do desanonimato.
Hoje dizem-te
que por “serviços inestimáveis à comunidade”
vão imortalizar o teu nome
na toponímia da cidade.
E tu
que outrora erradicaste a melancolia
aos outros prestando o serviço
agora sujeito a menção honrosa,
vês-te preso
nos insidiosos barbantes
de uma odalisca chamada
angústia.
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