17.10.23

O mar mestiço

O mar mestiço

abraça a miragem. 

Combina a fúria

no mosto da tempestade

emancipa-se 

de todas as vontades. 

Tresleem na penumbra

um ocaso antecipado

e o mar mestiço

terça com seis braços

as espadas pusilânimes. 

 

Um mar destes

é luto de pescadores

e musa de poetas. 

São intransigentes

as injustiças 

que nos regem. 

 

O mar mestiço

não fala de lutos. 

Luta 

como se fantasmas se insinuassem

e pudessem ser um ónus. 

O mar mestiça-se 

para desarmadilhar conspirações. 

Amedronta e extasia

a uma só vez

enquanto caia o dia

com uma tela embaciada. 

 

Como há quem recuse

uma tempestade

como selo de bom tempo?

Sem comentários: