Dei de mim amostra ao magma inteiro
uma pletora de rios fundos e de frias águas.
Ontem
arrastei os ossos contra a maré
desviei os prantos de colisões desnecessárias
e os furtivos ventos alisaram a descompostura
antes que de mim se hipotecasse
um grama de alma.
Os provérbios fogem pela escotilha
juntam-se aos procuradores da decência
aos sacerdotes dos costumes
(têm de ser bons)
e levitam as mãos ateadas
deixam-nas suadas a saber do frio da noite
sem ouvir a voz mecânica que assalta os sonhos.
Dizem que há profetas que ocupam um lugar.
Devem ser invisíveis
ou puros fantasmas
o porvir continua a desafiar as probabilidades
arquiteto da sua gramática
insensível às sensibilidades que se entrecruzam
dos luditas que trazem em si
as ansiedades ilícitas.
Os campos atravessam os rios
e somos nós
marinheiros despojados
que arrefecemos o aquecimento patológico.
Às vezes
damos as mãos por cima das redes
é quando os sobressaltos fazem alpinismo
e nos esquecemos do arnês.
Não importam
os apocalipses prometidos com solenidade;
os curadores que juram curas a eito;
os mercadores de sonhos que começam pelo telhado,
as vozes surdamente cegas em delírios sintomáticos;
a desbeleza a concurso, a banalização da fealdade;
todos os embaraços à sofreguidão da vida:
em mil páginas de inventário
cobram-se honorários usurários
e já não há doutores das almas que cheguem
na invasão das águas mordazes
que contaminam o dia constante.
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