Ah,
se ao menos
soubesse
o estio das
ideias
o vendaval
noturno das almas sem medo
os gatos
disfarçados na penumbra
os dedos acesos
contra a luz
os candeeiros do
avesso em paredes claras
as orquestras
vazias
as cadeiras
vazias
as flores
sentadas à cabeceira
os livros
amarrados ao silêncio
as vidraças
embaciadas de suor
as alvíssaras
das nuvens furtivas
os lampejos dos
ossos vadios
os piões da
infância
os sultões das
verdades gastas
(e por isso
improfícuas)
os tiranetes do
hedonismo
os lacres das
modestas palavras
os beijos em
rostos arrefecidos
os beijos nos
lábios amados
os corrimões sem
ferrugem
as esquálidas
fachadas da cidade frágil
as ruas
mostruário
os arranjos da
alma
a alma
desamarrotada
as guitarras
troadas ao acaso
o bálsamo
distante
as rosas-água
nas jarras perdidas
os navios pérola
o sal
desenganado em fúteis diálogos
os deuses
destronados
os cálices sem
rosto
as viagens
anotadas na pele
as tatuagens
firmadas em sonhos
as danças sem
palco
os mastros
irados
as garagens
penhoradas
os rivais em
rios amigos
as noites sem
sono
o sono sem noite
a cozinha aberta
e jornais despedaçados
os velhos sem
medo
os juros sem
matéria
e os dinheiros
sem jura.
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