Erupção perpétua
sem cinzas
só lava
a lava sem freio
comendo o chão inferior
metendo-se no
mar frio
o mar frio
fazendo da lava pedra.
O vulcão
promitente
desprende-se das
balsas meãs
faz-se senhor da
sua própria alforria
e as pessoas à
volta
impassíveis
medrosas
metem-se em seus
pelos eriçados
à espera de
complacência.
A erupção perpétua
um movimento astuto
selo de deuses
sem rosto
ou de anjos
transidos pelo medo
ou apenas dos
mortais
cobertos pela
mortalha da sua fragilidade.
E, no entanto,
na sombra da
erupção
a seiva escorre
pela encosta:
casas escorreitas
tomadas a eito
nos jatos
inspirados
a lava
impressionante
carnuda
combustão
num palco
embalsamado por escolares néones.
Não é abismo
nem retorcidas
hermenêuticas divinas
por intermédio
de sacerdotes acanhados.
A erupção
a erupção perpétua:
o lacre do
desejo infundamentado
na enseada
estreita
onde corpos nus se
entretecem
na dança uníssona.
Sem comentários:
Enviar um comentário