30.9.17

Rosas-desembaraço

Contam-se as rosas
no regaço cansado
aberto à luz.
A noite não leva o medo
pois o medo já se esvaziou
por dentro da noite.
Dizem que das rosas
se verte perfume;
mas as rosas estão murchas
– será que insistem na proclamação?
As pessoas metem as mãos nas rosas
como se houvesse
uma janela quimérica a desemparedá-las.
Evocam uma esperança
– por assim dizer –
na maré gasta
onde as coisas se consomem
e vêm devolvidas em rosto lavado,
renovadas;
em intensa prestidigitação.

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