23.9.17

Desconfiança metódica

Um caos sabido
entre cortinas de fumo
densas cortinas de fumo
e as mãos tateando as paredes
por falta de serventia do olhar.
Tem-se medo
um medo determinante
quase angustiante
quando o corpo se move
sem mapeamento,
às cegas.

Uma voz enigma
sussurra:

há de ser revinda a luz
e deixarás de ter medo
mesmo que as trevas que são tuas
não tenham o selo do temor.

Desconfia do predicamento
em julgando amaldiçoada a voz oculta
sem rosto para oferecer.
As mãos transidas
seguem coladas aos poros da parede
dedilhados um a um.

A precaução
nunca foi julgada
excessiva.

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