22.9.17

Os algozes

O arpão 
sem estribeiras
consome a sede,
vaga-lume gasto. 

Noto
o bruxuleio do rouxinol
e a traineira solitária
em fuga. 

Não adianta
o protesto trovejante
a arrumação metódica
o beijo esboçado. 

As nuvens
escondem revólveres
estribilhos desnatados
líricas vozes demenciais. 

Tudo parece um jogo
simulação contida
por dentro da simulação
verticais, paralelos labirintos. 

Nada parece em jogo
capitulação reverencial
medo sacramental
em ausência perene.

Alguém lamenta:
“oxalá tudo fosse geométrico”
e eu protesto
contra a desambição miúda
a estrepitosa mesquinhez
o embaraço sobre o rosto
a maquinação não notada
a virulenta opacidade
a passiva deriva
oculta recusa da emancipação. 

Não há remédio:
não querem
nem em módica dosagem
a indisciplinada emancipação.

Sem comentários: