26.9.17

Ciclo vicioso

A rua cifrada:
coutada tribal
no amparo consumido.

Tiram-se à sorte
as bestas desemparelhadas
no equinócio outonal
no previsível empate das camélias.
Diz-se saber das coisas que há
à falta da ciência sobre as outras
e em sendo o tirocínio da humildade
contraste com o lúgubre ensimesmar.

Não se peçam meças à função
por mais que pareça trivial.

No visível fumo da cidade
escondendo as trevas das alimárias
enganam-se as noites pueris
em lençóis gastos.
No desempate das furnas
sem pestilentos vagares e baços montados
os pastores cansados cantam a saudade
e as velas hirsutas dos navios
ao longe
são maestrinas versadas.

A rua cifrada:
mostruário trivial
sem almas ao desamparo.

Ósculos incessantes
xailes garridos
poemas atravessados
a concreta ignorância de tudo
e as mãos lavadas em águas puras
sem sentido
em sentido
contra os generais
tiranetes compulsivos:
erguem as bandeiras varinas
lotarias ganhas na casa da partida
contra a imponderável desliberdade.

E depois
renasce-se.

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