No parapeito do desamparo
onde se apanham sequelas inesperadas,
inúteis,
afocinham os melancólicos
em sua incessante ladainha.
Lamentam-se
de-mo-ra-da-mente
e eu parece-me
que exageram nos lamentos:
os pobres só querem a atenção
de que se sentenciam credores
quando a atenção
(e os outros que a conferem)
dela não os julgam se não devedores
(ou indiferentes,
o que vem a dar em estatuto mais pungente).
São terrivelmente egoístas
estes não parcimoniosos choramingas:
não lhes chegam os padecimentos interiores
bastantes para arrepiarem as lágrimas
contra qualquer parede por onde venha gente;
ato contínuo
alçam o revólver da comunhão
só para destravarem dos outros a comiseração
e acabam por neles verter as lamentações
sabendo de ciência certa
que muitas, desvalidas almas
socializam as a si exteriores dores interiores
deles fazendo suas.
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