4.9.17

Bucólico

No vale fundo
onde a vegetação se entretece
com as serenas, nossas palavras
desdenhamos o vórtice do futuro
à medida que somos feitores do tempo,
à medida que desenhamos alamedas dúcteis.

Os nossos braços
armados em ramagem das árvores
são o regaço dos pássaros cansados
da sombra precisa na estiagem demorada
fonte infinita das lágrimas algébricas.
Sem o horizonte por limite
damos às rodas vivas da matéria
a claridade quimérica
um simples apóstrofe sobre vírgulas meãs
sem o pesar
a arquear sobre as lombadas duras dos livros
como se fossem vítimas dos piores instintos
inúteis congeminações de autores desassisados.

Os pássaros ciciam a preceito.
Testemunham o madrigálico quadro
que levita com o olhar
e nós somos as entidades máximas
juízes sem lei
ordenantes sem ordenança
pois no fruto das nossas mãos
há madressilvas ruivas
tingindo o céu noturno com a violeta luz.

Desacreditamos os oxalás
que morrem na boca das pessoas.

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