Um obséquio de intermezzo
no espaço de dois dedos oculares
na fala das velhas verrinosas
só pelo prazer de ver agonizar a agonia
atrás das cortinas ainda subidas
sem atores ouvindo o palco.
Nada se desdenha.
Nada é compreensível além da alvorada
o notário que avaliza as trevas não medonhas
contra as patranhas dos miseráveis
e as sinuosas curvas dos mitómanos.
Agita-se o mar cheio
no cais salgado pelas palavras avulsas
e os rapazes erráticos dão-se a saber
no promontório da sua belicosa boémia.
Não deixariam minguem dormir,
os rapazes da belicosa boémia,
não fossem as janelas duplas
e os medicamentos que afiançam o sono.
Pela manhã
é a vez da vingança não intencional
dos mangas-arregaçadas
os incorrigíveis senhores solenes
que são eles e a jornada laboral
e a jornada laboral e eles.
No fundo do lago
esperam os nenúfares decadentes:
só não se sabe
quem vem colher pela mão
a decadência que assim jaz.
A advertência não é frívola.
Às ateneias emagrecidas
são devolvidas as estrofes do silêncio
a incomensurável sede das flores nutridas
os prefácios tirados à pressão
o marasmo disfarçado de açoteia
o glóbulo vermelho em falta.
Ah!
se ao menos soubesse assobiar
era tenor da sinfonia agraciada
e de comenda estaria em lista de espera.
Salva-me
a modéstia do assobio.