Dizem-me
não é por mal,
que ao lençol da inocência
faltam as orelhas puxadas
e uma fina camada de poeira
se sobrepõe
ao olhar dos imprudentes
coalescendo no perdão.
Estou por saber
como tirar a prova dos nove
antes que venha
uma prova de vida
estragar a matemática delicodoce.
Estou para saber
como são adivinhadas
as petições de indulgência
como se enformam os compassivos
num véu de piedade
que se esportula
no púlpito da ingenuidade.
Às vezes
(são tantas, as vezes!)
só apetece dessaber
para do ultraje do conhecimento
não açambarcar
a boca amarga da angústia.
Outras vezes
quando
desaparafuso os ossos dos outros
e sou ilha por dentro de um ilhéu
prossigo indiferente
imune ao raer dos fornos crematórios
onde frui
o despautério
disfarçado de asas de anjo.
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