15.7.20

As teias das elites

Entranha-se

este visco pútrido,

a banha sem cobra,

que desfila na fala dos insignes

como se deles fossemos devedores

e seu sangue fosse de ouro

e as nossas veias 

esgoto de seus dejetos.

A lapela não enjeitada

fornece vistoso miradouro às comendas

que os galões ou são ostentados

ou sobram para o residual conhecimento

e estes estéreis pais de todos nós

definham se lhes for omisso

o reconhecimento.

É como se vivessem para fora de si

(e fora de suas comarcas)

e eles a varanda 

a que os demais devem repetidas genuflexões

pois na sua carência ficaríamos devedores 

de um atraso de civilização.

Ufanos e jactantes

ensaboam-se em prosápia colossal

que de sumo verte um nada,

sentados na volumosa pedra estatutária

de onde dizem dimanar seu escol.

Os tolos restantes,

cerces de pontos cardeais,

ou apenas vulgarmente distraídos,

idolatram as relíquias

e contribuem

(sem saber, talvez)

para o legítimo retrocesso.

Sem comentários: