6.7.20

Mestiço

Os campos contestam

o estado derruído dos dias constantes

em sua galharda harmonia

como se terçassem uma independência viril

contra o remoço dos apavorados meãos

que de seu nome tinham artesãos. 

Se ao menos 

o entardecer não se diluísse

na centrifugação dos verbos hábeis

e os melhores cuidassem do inventário do dia

haveria um travesseiro idílico por passagem

o troco certo contra a incúria

e ao pedestal viriam os magos sem disfarce

a porosa alquimia em remédio falante. 

Bicicletas roubadas falariam pelos despojados

uma gramática sem padrão

numa compilação de casas avençadas. 

O líquido recorrente

(incógnito)

atravessa uma meada dos campos

sem os destruir. 

Não havia modo de importunar 

o válido dizer em sua fala muda. 

Os dados ultrapassavam o tabuleiro

e alguém protestava

contra o viés das regras

como se fôssemos todos ingénuos

e soubéssemos 

que os códigos

são um diletantismo de um punhado 

só por si

sem serem à prova de dissidências. 

Não adornava a feição desconfiada

a meio do periscópio emergente,

o incansável feitor das obras sem gasto;

ele sabia 

como era povoar o silêncio

com palavras desarmadilhadas

o vício imaterial escondido 

em rostos impassíveis.

E mesmo assim

desemparedava as janelas promitentes

à espera de um luar modesto,

à espera

de um frémito apalavrado

no mosto da manhã

sobrepondo-se ao farto ciciar

dos pássaros 

que selam a alvorada. 

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