Estes ovos
não se fazem
sem omeletes.
Podia ser um breviário do surrealismo
com quadros de vison
em baixela de fundo,
um canapé fumado com dedo mindinho,
ou um fundo sem pé
estiolando a toponímia para dar fundo
(ao critério do leitor:
sobre o atlas local
nos arrabaldes da capital cidade,
ou sobre lúbrica matéria).
Revendo a matéria dada:
estes ovos não se fazem
sem Hamlet.
O conspícuo saleiro
vertendo azotados cristais
na prebenda da culinária de fusão
– ou então,
as braçadas de um engenheiro arrependido
só para ter como rival
a excelência entre as excelências
e na piscina sem muros
encontrar seu covil.
Não admira
que os olhos lancem fisgas
sobre a portela onde se agigantam as elites:
a suave, disfarçada decadência
vertida em maneirismos burgueses
é pergaminho de uns quantos,
um punhado apenas:
besuntam-se de uma franquia regional
que destempera um ódio falaz,
um ódio que é fingimento de inveja.
Eles
são os ovos
a quem falta omelete
e conhecimento de Hamlet.
Sem comentários:
Enviar um comentário