7.7.20

Não contem aos descamisados que são descamisados

Estes ovos 

não se fazem

sem omeletes. 

Podia ser um breviário do surrealismo

com quadros de vison

em baixela de fundo,

um canapé fumado com dedo mindinho,

ou um fundo sem pé

estiolando a toponímia para dar fundo

 

(ao critério do leitor:

sobre o atlas local

nos arrabaldes da capital cidade,

ou sobre lúbrica matéria).

 

Revendo a matéria dada:

estes ovos não se fazem

sem Hamlet. 

O conspícuo saleiro 

vertendo azotados cristais

na prebenda da culinária de fusão 

– ou então,

as braçadas de um engenheiro arrependido

só para ter como rival

a excelência entre as excelências

e na piscina sem muros

encontrar seu covil. 

 

Não admira

que os olhos lancem fisgas

sobre a portela onde se agigantam as elites:

a suave, disfarçada decadência

vertida em maneirismos burgueses

é pergaminho de uns quantos,

um punhado apenas:

besuntam-se de uma franquia regional

que destempera um ódio falaz,

um ódio que é fingimento de inveja.

Eles 

são os ovos

a quem falta omelete

e conhecimento de Hamlet.

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