O calendário
resgata dos anais
o vigésimo nono ano
de licenciatura.
Não sei por que guardo
efemérides.
Dir-se-ia:
é o sublinhado de uma coincidência
selada com o sortilégio
do calendário.
(E quem pode fugir
do calendário?)
Ainda sou refém
da memória.
Devia ter aprendido
que a memória
é um tinteiro gasto
a vocação para o longe
nas imagens que se evaporam
na diálise das páginas arrancadas
ao calendário.
Vinte e nove anos
e de quê,
se cursei páginas soltas
e não medrou esteio
como cimento do tempo inteiro?
A memória
enquista-se no mosteiro
onde se arquivam os misteres
da improficuidade.
Um estéril inventário
esmaecido na caneta gasta
que em dedicatória árida
vai desmatando a decadência.
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