26.7.20

Assinatura

O calendário

resgata dos anais

o vigésimo nono ano 

de licenciatura.

Não sei por que guardo

efemérides.

Dir-se-ia:

é o sublinhado de uma coincidência

selada com o sortilégio

do calendário.

 

(E quem pode fugir

do calendário?)

 

Ainda sou refém

da memória.

Devia ter aprendido

que a memória

é um tinteiro gasto

a vocação para o longe

nas imagens que se evaporam

na diálise das páginas arrancadas

ao calendário.

Vinte e nove anos

e de quê,

se cursei páginas soltas

e não medrou esteio 

como cimento do tempo inteiro?

A memória

enquista-se no mosteiro

onde se arquivam os misteres

da improficuidade.

Um estéril inventário

esmaecido na caneta gasta

que em dedicatória árida 

vai desmatando a decadência.

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