Revejo
os telhados escorregadios
onde
tive império.
Não
tenho ninguém à ilharga,
detenho-me
nas fronteiras do tempo.
A
apreciar o tempo
a
destoar da luz intensa que desce da lua.
Fecho
os olhos.
Do
corpo sinto uma centelha febril
correndo
veias fora.
Ressinto
as pálpebras tingidas
no
suor antigo que coloriu as lágrimas,
as
suadas lágrimas evaporadas
que
coroaram os pesares em talhadas.
Nos
telhados de antanho
onde
já não há rumores transidos
onde
já não chega a chuva timorata
onde
os pés assentam como esteios fundos.
Nos
telhados polidos
os
olhos regressam das pálpebras madraças
em
volteios sibilinos
aquartelam
sonos perdidos em marés noturnas
enquanto
nos antípodas ninguém quer um sono.
Não
hei de ser tutor dos telhados dantes meus:
os
contratempos soados nas pautas rasgadas
assobiam
ao ouvido
não
deixam a não ser que os pés sejam esteios
–
fundos.
No
mais fundo de tudo,
tanto
que mãos nenhumas conseguem escavar,
espreitam
telhados invertidos
gotas
de chuva guardadas no bolso
um
pastor sem gado que dorme sem reparo
o
meu não-sono pelo tempo fora.
Dantes
quando
os telhados eram império sobranceiro
perguntava
às divindades de atalaia:
que é feito do meu fado?
Que é feito
se não vos tenho, divindades,
por tangíveis?
O
corpo repousa nas margens do lago sereno
desarmadilha-se
pacienta-se.
À
lembrança
vem
a vertigem dos telhados alcantilados
o
despautério por onde me esbanjava
à
espera que um lago acobreado
viesse
em memória com a lua ímpar.
Dos
telhados
promontórios
adestrados com o ouro das mãos.
Respiro
agora
as
ondas gastas que colhem o horizonte,
sem
cautelas imprecisas
sem
o adorno da lucidez imprestável.
Só
os telhados e eu,
perguntando
às
férteis fautoras das coisas em redor
o
que é feito das divindades
se
delas não houve saber.