Uma roda viva
para ver se uma lotaria me unge
e eu, magnânimo,
trato da igualdade dos desiguais.
Uma pétala perdida
sobrevoa a paragem do autocarro
estaciona à frente dos passageiros em espera
à míngua de audiência.
Estão todos distraídos
a pétala correndo o risco de ser esmagada
se o autocarro cumprir o horário.
Que alguém dê pela presença da pétala
e a salve de tão terrível caducidade!
Ninguém abdica do lugar
na paragem do autocarro.
Ninguém dá pela presença da pétala.
E ela, lacrimejando melancolia
(ou seria uma gota da chuva que começava?)
como se seu pranto ciciasse aos ouvidos
e ela, triste por já não habitar
na árvore frondosa que dela se desprendeu.
Sorte
que o autocarro estava em atraso
e a pétala foi salva por um golpe de vento,
a sua lotaria num acaso.
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