Do leilão de apóstrofes
não se livram os apóstolos.
São as tendências da moda.
Os apóstolos
teimam na altivez
e discorrem, demoradamente,
sobre as virtudes da virtude.
Arregaçam as mangas
e no conciliábulo de imperativos categóricos
ensaiam certezas à prova de bala.
Fazem apostas entre si,
os apóstolos,
para estancar a hemorragia das ideias,
tão fecundos nas hipóteses de virtude
que candidatam ao lugar cimeiro
das virtudes.
Digladiam-se uns com os outros
quando as lentes
depuram virtudes em oposição.
Outros corroboram-se mutuamente
na linhagem das mesmas virtudes,
apenas misturadas
por divergências de pormenor ou de estilo.
Oxalá
uns e outros
não tivessem de esbarrar
nuns exilados
uns reprováveis mastins que desalinham,
categóricos desmilitantes de tudo
que indeferem virtudes
– indeferem as virtudes.
Por um momento
até os apóstolos divergentes
convergem numa batalha farta:
dar luta sem quartel
a esses desapoderados
essas más influências
demoníacas paisagens que convidam
à insurgência.
Não contavam
com a heresia das virtudes
e sabem do sono hipotecado
só de saberem destes hereges.
Num salto no tempo
temem a anomia
e, quais santidades vilipendiadas,
unem-se em aliança virtuosa.
Meio caminho já foi andado
para o deserto das virtudes.
Que não há de ser
degredo
(em negação dos virtuosos).
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