27.1.19

Criação

Apanho a rosa murcha
um vestígio do chão desordenado.
As pétalas caducas desprendem-se
ungindo as minhas mãos.
Cobro da tarde soalheira
o êxtase perdido nas migalhas da luz.
E depois
sopro no ombro da noite
à espera que seja mensageira.
As costas das mãos estão suadas.
Bebem o inverno timorato
e inocentam as árvores nuas
desprotegidos cadáveres 
à espera de um fôlego.
Oxalá se aqueçam os corpos frios
na fogueira que a minha boca acende.

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