15.2.20

365

Compõem-se 
os termos que somos 
e da luz baça 
vertemos a manhã.

A pele guarda o húmus. 
Debaixo dela 
arranjamos a força 
cuidamos do dia 
insistimos na frágil condição 
todavia 
a fortaleza em que assentamos.

Do diâmetro das palavras que dizemos 
solicitamos o olhar 
as mãos pares
e deixamos aos corpos 
a sua própria gramática
o sangue sem medo
bandeiras que arrebatam as cores.

O amor traduz-se 
na linhagem dos amantes.

Esta é a nossa embriaguez.
O sortilégio de que temos a chave.
Um poderoso combate 
em que não demos tréguas.

Os contratempos 
são a medida exígua em que nos movemos,
o desafio de que não somos párias.

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