18.2.20

Sem barreiras

O que temos
na véspera da noite
sem o medo tumular que alimenta vultos
e o musgo que se pega à boca?

Avançamos 
na medida dos passos certos
arrumando as curvas apertadas
ultrapassando as dobras do mapa
justapondo os fragmentos da paisagem
no dorso da memória,
em capitalização sucessiva. 
Não se diga não à escusa temporária
à hibernação que transfigura o fingimento:
as éclogas determinantes
adulteram a gramática
adulteram os sentidos
e ao palco sobe um certo aroma a caos
em oitavas ditas na lentidão das sílabas
para nenhuma palavra ficar de fora. 

Os muros não são apenas impressões. 
Rimam com os sobressaltos
quando 
os sobressaltos se agigantam
e superam até as mais elevadas ondas
quando a maré se acidula, 
tempestuosa. 

Não cobrimos o embaraço com vergonha. 
O seminal porfiar
arroteia a urze inóspita
e é entre ela,
nas coutadas escondidas,
que dizemos o tanto que há a dizer
em nosso abono. 

Admitimos o dia
às mãos frias
e dele fazemos
os juros recolhidos 
na haste da esperança. 

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