19.2.20

O selim sem estrada

Sob sequestro
aprisionado no sótão onde vultos habitam
a beligerante convulsão desamordaçada
do póstumo insurgente que não teve 
apeadeiro. 
Sob os vestígios de um dominó farsante 
componho as costuras do desdizer
que mais vale desdizer
do que com dizeres embainhar inverdades,
possivelmente fecundas 
– um porém não desprezável 
para os insinceros. 
A retina podia estar fora do lugar
congeminando o fingimento em pé de palco,
mas a retina está na residência anatómica,
como mandam os manuais. 
Podem vir líricos trovadores
a sua prolixa verve com instrução de valores
podem empunhar as bandeiras da verdade
que nunca saberemos o que é a verdade,
nunca saberemos
se a podemos levar pelo diâmetro do absoluto. 
O mais provável
é ser uma impossível demanda. 
Quem mandou ao homem ingénuo
cobiçar a deificação?

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