20.1.15

Promessa

De que vale amofinar,
de que vale se o sol vem depois da noite
os pássaros não deixam de voar
os diplomatas não deixam de urdir
os artistas mal paridos não deixam de ultrajar a arte
e se as promessas não deixam de ser
contrato descumprido para memória futura?
Antes não desembolsar promessas
antes que sejam vertidas num vão altar.
Antes o sol nascente na sua lhaneza
os pássaros em bando compondo a paisagem
os diplomatas na arte da simulação
os mal paridos artistas a dececionarem a estética.
Antes não haja nascimento para as promessas.
Não venha o ajuste de contas da memória
e as cefaleias pontuem nas sobras das promessas álgidas.
Prometa-se que não haja promessas doravante.
E as que a distração escapar deixe
se faça desnascê-las.

30.12.14

Gourmet não acidental

O dente de leão.
Metia o dente de leão
às iguarias que viessem.
O amesendar era diferente:
não eram mesas de madeira
não eram savanas com arbustos rasos
nem mares com o sal como tempero.
Os campos eram de outra igualha.
Era onde os gentios se desembaraçavam de rivais
e, em não sendo hienas,
terçavam urros para seu território marcarem.
Gulosos,
metiam o dente frio às iguarias todas.
Pareciam aviadores na coleção de estrelas
que ostentavam, com garbo, à lapela.
O dente branco,
impecavelmente afiado,
era um punhal sem contemplações.
O dente era quente quando a preceito
espetava-se na carne deliciosa,
anestesiava-a.
O dente era frio na implacável destreza.
Os sussurros ecoados ao ouvido
em amestradas cantilenas rituais
Enfeitiçam as presas.
Depois
é um ver-que-te-avias.
O tempo não conta,
as memórias dos rostos também não
(dissolvidas em ácido deixado pelas lágrimas de alguém):
sobra uma contabilidade sem tempero.
Um amontoado de corpos
pernas e troncos entrelaçados na difusa memória.
E o tempo que interessa que parece esgotado
na voragem do instante.
O dente de leão
(consta a lenda)
não se gasta.
Os suores depois
tratarão de provar a profecia.

16.12.14

Harmonia

As pedras coalhadas são o chão ceifado
por onde seguem alces destemperados.
Rios apascentados emprestam suor à paisagem.
Estorninhos vigiam o arvoredo, procuram intrusos.
Um padre peregrina.
Um cantor assina a pauta dos sabores.
Um cozinheiro ensaia a coreografia ousada.
E nem o bailarino tem a têmpera para meter a mão em arte alheia
nem os julgadores se fazem rogados para ciciar nas costas dos dementes.
As rosas não estremecem na coloração
nem com trovoadas medonhas que descarregam toda a ira.
As rochas agarram-se às raízes
não querem ser desapossadas do seu chão.
As pessoas entrelaçam-se em abraços dóceis:
não há estranhos entre ninguém.
As estrelas que incensam a noite ensinam o rumo
mesmo que as nuvens escondam o céu.
Os frutos colhidos são doces como nunca se soube.
O papel está branco
à espera de ver nele vertidas as palavras quiméricas.
O corpo,
indomável,
não mete freios aos impulsos.
Só contam os prazeres.

14.11.14

Dúvida metódica

Não sabia que as velhinhas alojavam sapiência
não as sabia tutoras da erudição.
Talvez seja por envergarem as vestes negras
da perene viuvez que as desvia dos prazeres.
Não sabia que uns eruditos medram nos esgotos
não os sabia arrevesados cultores da inanidade.
Talvez seja por terem tempo de mais na ludoteca
e se distraírem com a imagem magnífica de si mesmos.
Não sabia que há gente que se desonera de cuidados seus
não os sabia tão generosos com os cuidados alheios.
Talvez seja por precisarem de cuidados intensivos
dos cuidados que esbracejam sua frágil condição.
Não sabia da maldade congénita
não a sabia património da espécie.
Talvez seja da ingenuidade que me consome
da ingenuidade que fermenta o incrédulo.
De não saber que tanta coisa existe
das coisas que
(vai-se a ver)
estão à distância de um palmo dos olhos amarrados.

7.11.14

O colo do mundo

Um diamante em riste
as armas que terçar não é preciso
a demiúrgica face descoberta de espinhos
um rosário caleidoscópio
e os braços bem abertos
desejosos de recolher em seu regaço
o legado do mundo
o mundo inteiro
(se preciso for).
E deitado sobre o próprio regaço
admirar o mundo
de que se fez tutor.

6.11.14

Fogueira alada

Sobre a cama de fogo
onde crepitam as pepitas prateadas
dançam as mãos trémulas;
hesitam
dão um passo em frente
acamam sobre a pele acetinada.
Refulgem com a luz que vem da pele
e dançam em círculos
pedindo carne doce
enquanto a lareira afaga seu fogo
e empresta luz à coreografia dos corpos.
Na cama de fogo
os amantes despojam-se de peias.
Intrépidos
cúmplices
na vertigem do desejo
enquanto os sentidos
desenham palavras que não se escrevem.
Enquanto os estorninhos ciciam
o canto dos amantes.
Enquanto a nau toma rumo direito
entre águas enfurecidas.
Enquanto os olhos se fundem
e o gelo todo se consome na chama que crepita.

29.10.14

Penhorados

Vamos partir o mundo por dentro da loucura
vamos pelas ruas fora
as mãos dadas
os olhos fundos derretidos uns nos outros
os passos estugados na firmeza do saber.
Vamos partir o céu em estilhaços
louvar os feixes que de nós a nós vêm
a pele suada das correrias não vãs
derrotar as importunações com o mel da perseverança.
Vamos ensinar a aprender
a ninguém se não nós
pois somos penhor de nós mesmos
e do resto não nos importamos.
Vamos acender a lua
gritar pela madrugada fora
fazer soar as sirenes que desembaciam os ouvidos
jorrar a água das fontes paradas
soerguer o pescoço por cima das cancelas
e devorar os instantes todos,
todos,
sem perda das medidas do tempo.
Vamos deitar flores no chão húmido
verter palavras-sortilégio no musgo do cais
enquanto as mãos entrelaçadas se aquecem do frio
e contemplam o rio que parece vir do mar.
Vamos correr pelas ruas enquanto a cidade dorme
passear as mãos altivas no altar de nós.
Vamos deitar beijos pela janela
consumir o fogo fátuo
despir as lágrimas da sua água
encarnar a doce loucura que vem a nós.
Vamos dizer ao mundo inteiro
o nada que lhe devemos
e, em segredo nosso,
sorvemos um cálice de ouro
no tanto que somos em combustão.

22.10.14

Transparência noturna

Na crina do cavalo
as mãos temerárias metem velocidade.
O animal povoa as pedras do caminho
enquanto no rasto sobeja poeira.
As mãos recebem o suor
da crina do cavalo, que não abranda.
Fecha os olhos
confia no cavalo que vai para um cais.
Quando abriu os olhos era noite.
A humidade do mar,
em comandita com a noite outonal,
disfarçava os vestígios da poeira.
Do cavalo, nem sinal.

10.10.14

Contra a corrente

A lava torrencial
lavra a incandescência da terra.
Não é uma visceral tutela da desvida:
do tempo vindouro
virá a desmorte da lava cristalizada
quando arbustos vicejarem do nada,
da improbabilidade do nada.
Pois a destruição pode ser criadora.

5.9.14

Proclamação

Quero dizer o seguinte:
as águas azuis viram do avesso
os ossos desfiguram a eternidade
as épocas caldeiam a bondade
as mãos trémulas agarram os beijos
a ternura é inacabada
e o mais que possa ser bálsamo
e que as palavras tornem indizível,
como:
as cinzas do mar
a chuva das montanhas
os lagos emparedados
as lágrimas furtivas
a pele suave, aveludada, tingida a cobre
os olhos que escorrem mel de urze
os pés que sabem o odor da terra
os frutos arrancados às árvores
as cruzadas que se terçam em preces e não só
os jogos que não importa perder
e a espuma do mar cristalizada na areia.
Quero dizer o seguinte:
que do tempo não sou timorato
autor relâmpago descarregando a fúria de antanho
do alto da pirâmide domador de elementos;
tomo os sabores do mundo na palete das cores
e respiro o ar puramente ecológico;
sinto-me maior que a minha estatura
espelho radioso multiplicando os raios de sol
leito resguardado nas palmas das mãos
mar inteiro aberto aos viandantes
ou poema sempre inacabado
à espera de estrofes antolhadas na garganta.
E quero, ainda, dizer o seguinte:
não quero dormir
se não nos sonhos embelezados;
não quero enfurecer
se não nos volteios iracundos das ondas tempestuosas;
não quero traduzir em palavras
o que só se sente nas veias;
não quero os esteios da solidão
se não quando multidões ferem com punhal;
não quero as polémicas que alojam insónias
se não quando as rugas se anunciam;
não quero chaves nem fechaduras
se não para embotar as janelas desconhecidas;
não quero a aridez das ideias beatas
se não quando a água transbordar das margens;
não quero alijar as memórias que angustiam
nem quando o suicídio do ser se levanta;
não quero mágoas nem excitações espúrias
apenas os predicados do recato dentro das baias da alma.
Não quero saber do que não quero
se não dizê-lo em estrofes que excruciam.
Pois, talvez, não haja valimento nas proclamações
e faça sentido nada dizer.
Era o que queria dizer.

3.9.14

Vita brevis

Tirei as medidas aos sapatos
que era longa a demanda.
Medida a bissetriz dos passos
tomei a viagem como báscula vital.
Era partir ou medrar no nada.
Os sapatos gastos
(solas rotas)
foram selo do destino.
Faltava saber se outros eram precisos
para a volta,
ou se era serventia dos pés sem sapatos.
Um novo destino achou vencimento.

9.6.14

O amor forte

É encontrar a tua bissetriz
remexer com as mãos o sal da terra
abraçar o aroma dos frutos;
é sermos tutores do tempo que se exige
como se não houvesse dia depois deste
por o tempo se esgotar
e nele nos querermos saciar;
é adestrarmos um navio
de que somos únicos tripulantes
e por ele levarmos os oceanos a todo o lado;
é mantermos as mãos entrelaçadas
com flores viçosas entre os dedos
e delas fazermos nosso leito;
é, enfim, o que quisermos ser:
reis de um reinado ímpar
poetas arquitetos de estrofes magníficas
sol que derrama uma centelha perene
a pele una pela combustão dos sentidos
alvorada que se funde na penumbra do ocaso
através dos nossos dedos,
amos de um amor forte.

3.6.14

Súmula

No chão que arde
as folhas caducas resistem.
Santuário onde os pés levitam.

As maçãs verdes
desabrocham a avidez do dia.
As paredes baças
só sequestram os olhos tementes
os olhos envidraçados
e as mãos atadas no lúgubre átrio.
As pedras vetustas
encimam as casas gastas
e devolvem o sagaz arrastar do tempo.

Oxalá houvesse maçãs verdes para gente muita.

Não há cicerones
não há miradouros
não há chapéus que guardam ideias
não há sacerdotes que adestram baias
nem deuses semeados de generosidade.

Há apenas a lhaneza de nós
caminhantes sem freio
apanhando os comboios que passam
nos apeadeiros que vierem a preceito.

7.5.14

Polaroid

Do vinho raro,
em cálice ao alto:
oxalá as pétalas doravante
sejam a maresia de agora.

Com os trinados dos estorninhos
derrotando a melancolia;
o céu pontuado por nuvens arquitetónicas
ungido pela luz clara;
os ossos possuídos pela força
e os dedos congeminando seus sonhos;
divindades imaginadas
compondo as preces necessárias;
as bocas unidas na combustão
que incinera sobressaltos;
e os corpos quentes
abraçados num frémito insaciável.

Os amanhãs que se não empenhem
no tirocínio do presente;
as ondas do mar
que tragam as novas que importam;
uma peregrinação algures
e os olhos virados do avesso,
em redescoberta;
as cambiantes do ser
que deixem de ser autofagia;
as mãos que se dão
limpando o suor pretérito;
um livro aberto, de páginas brancas,
à espera das palavras acertadas.

E as palavras:
arranjos florais
melodias sem peias
formulações simplificadas
(dos mais complexos devaneios)
proclamações solenes de jactância,
mas de uma vaidade lhana, sincera,
feliz.

Tragam esse raro vinho
deposto nos mais valiosos cálices.
Que sejam bem alto erguidos
nas loas ao porvir que fazemos.
Saciemo-nos nesse vinho,
nem que seja até à embriaguez.
Não,
não serão os sentidos adulterados:
será a deposição dos vultos nefandos,
a nossa entronização como deuses sublimes.
Até que no cais luminoso,
diante da maré sôfrega e da maresia explosiva,
todos os segundos contem.
Sem digestão do tempo
sem desgastar o tempo
sem apressar o tempo,
o escasso tempo,
em banais tergiversações.

Para, enfim,
tudo ser repleto,
tudo ser completo.
E a medida maior se antolhar
no maior que se encerra no interior de nós.

29.4.14

Do olhar constante

Ah!
olhar presente
que derrotas a indiferença.
Olhar indolente
que congraças a beleza.
Olhar que não pode ser ausente
ou padecimentos estéreis troam,
pungentes.
Olhar quente
leito onde a carne se compraz.
Olhar,
olhar qualquer que seja,
sem que nunca seja ausente.
Pois de sua ausência
sobejam as ruínas do ser.
Tudo deve ser em seu contrário:
do olhar que se não refugia,
o mundo inteiro em sua fulguração.
Até que um olhar se verta no outro
                        e por ele reaprenda a ser.

14.4.14

O lago escondido

Um duende arcano despontou
na floresta densa.
Trazia três candeias acesas.
Uma,
no ombro direito,
apontava para a grande magnólia centrípeta.
Outra,
pendida sobre o esquerdo ombro,
refletia as lágrimas outrora vertidas.
Mas era a terceira que importava:
levou até ao grande lago matricial
onde as nuvens pousavam nos nenúfares,
as cotovias vestiam uma alvura singular,
os beijos marejados ecoavam
e toda a noite se fez claridade.
O duende foi efémero
mas deixou encravada no tempo por diante
uma rosa dos ventos vivaz.
Pois os tempos vividos seriam uma diferença
com a caução do mundo inteiro.
O duende
não deixaria de vigiar desde uma sombra,
ocultando-se em sua penumbra,
empossado figura tutelar.

13.3.14

Raiz quadrada

Um trovão que engasga a fúria,
ao longe.
As mãos não estremecem,
nem por o sono se descompor.
Os pássaros recolheram-se
sem nada a ganhar
com a tempestade que é vizinha.
A noite não amedronta o troar dos trovões;
o festim dos relâmpagos faz da noite
temporário dia.
A tempestade foi só uma promessa.
Passou ao lado.

19.12.13

Natureza viva

As pedras cultivam suas flores
vertidas em águas sem destino
numa aurora quente
convocada pelas pétalas jocosas.
O céu afivela-se pela cintilação
e, todavia,
a chuva aconchega-se nas árvores.
Já os pássaros,
desafiando a prolixa natureza
e suas lições imutáveis,
entregam a penugem às gotas que caem
e sorriem enquanto sussurram cantorias.
A plateia,
encantada e anestesiada,
incapaz de dizer adeus ao boquiaberto,
aplaude em silêncio.
No marasmo imperador
exultam as imperatrizes exibições
de uma natureza contumaz.

18.12.13

Lápis azul


Já as alvíssaras foram ao tacho

pelas penadas almas

que assombram as penitências dolosas.

Encomendada a fatiota janota,

que velório ninguém espera,

dize lá, ó gente madraça,

se sois loisas ou larachas carnais,

ou bichos alcoviteiros

tomados pelo vulgar desdém.

À noitinha,

quando as luzes se apagam da memória,

não vos acometam quiméricos querubins;

não vos sobressaltem as tágides pálidas

nas suas preces iliteradas

e a língua de trapos dos que muito falam

sem nada dizerem.

Não vos deitais no mirífico sossego:

que as teias de aranha por dentro do pensamento

não agrilhoem o pesar.

11.12.13

Não aconselhável a maiores de dezoito anos

Os gritos ululantes na selva infantil
desenham a inocência nas arcadas do tempo.
Os petizes olham-se, ingénuos,
vociferam contra as prosápias adultas:
mandam-nos estudar;
mandam-nos comportar-se a preceito;
mandam-nos comer a sopa;
mandam-nos ser obedientes;
mandam-nos não quererem ser adultos
 - que adulta é uma idade tristonha.
Pegam nos livros:
atiram-nos para a lareira,
escondidos debaixo da lenha
para que ninguém os salve a tempo.
Pegam nos entediantes filmes intelectuais,
os que as subtraem à televisão pueril,
são mandados janela fora em voos aerodinâmicos.
Pegam nas plantas dentro das jarras
para as alimentarem com lixívia.
Vão à casa de banho,
não para satisfação de fisiológicas necessidades,
mas para entupirem a sanita com um farto bolo
de papel higiénico.
À noitinha,
quando as querem já mortiças,
preparadas para o sono que as descansa,
espreitam no quarto onde dois adultos gemem,
só para os ver aflitos quando vêm que os estão a ver.
As excrescências nasais
deixam-nas penduradas debaixo da cama.
Não gostam que a água se pegue ao corpo,
pelo menos com a frequência a que chamam higiene,
e mentem (se preciso for) para ocultar o banho por tomar.
E se lhes querem cortar as unhas
(porque as dizem encardidas)
protestam com gritos que os fazem salivar de ira
e desistir da função.
São soberanas de elas mesmas,
as crianças,
e não querem os graúdos a dizer
o que devem ser
nem o que devem fazer
ou o que não podem asnear.
São arautos da felicidade que os crescidos ignoram.
Por isso as invejam.
E por isso as massacram
com códigos de comportamento
com furiosas demandas
com proibições a eito.
Elas é que são o exemplo.
Da maneira como são
sem capitular
perante os freios dos que as conceberam.

3.12.13

Vociferar

Verbo viçoso,
            vernáculo vistoso.
Vistas volúveis,
            vozes variáveis.  
Voracidade vocal,
            voz vivencial.
Volúpia venal:
            vanguarda vital.

28.11.13

Entrelaçados

As pagas não são juras.
Acantonam o tempo surdo.
Embelezam os braços suados.
Afiançam os desejos prometidos.
No deserto ou na mais agitada cidade.
Em todo o lado.
Em palavras adocicadas.
Na febre dos passos ouvidos.
Orquestradas nos beijos sibilinos.
Que dissolvem a sujidade das paredes.
Porque as juras não se pagam.

5.11.13

Vol d’oiseau

Visto do miradouro,
onde a paisagem é um distante nenúfar,
tudo é paradoxalmente detalhe.
Como se a miopia fosse ao contrário,
a distância curando de arranjar
lente hiperbólica.
Confirmando que a inspeção da proximidade
é nevoeiro atirado para cima da lucidez.
E confirmando a higiénica distância,
sabática purificadora que dita a,
talvez,
arrogante sobranceria do isolamento.
Desde o miradouro.

25.10.13

Binário

Ah!,
o sorriso largo dos fedelhos
em contramão com o rosto fechado
das velhas;
e, a uma mesa de café,
o tirocínio do mundo
em seu pulsar contraditório.