Agarra-me
o braço quente
prende-o
à volta dos beijos carnudos
diz-me
que serei teu lobo feroz
nas
praias sem areia
nas
luas que desembaciam o entardecer
com
as mãos trémulas no espaço sem céu
com
os dedos marcando a tinta rija o corpo
sem
temor
sem
apressamentos
sem
capitular se não nas desregras que ditamos.
Eleva
o braço quente
como
se fosse tomar conta do sol
e
dele bebesse a seiva toda
num
profundo caule fervente sem modéstia
no
arpejar contumaz que estilhaça as ameias
compondo
estrofes ilhéus no corpo sedento
coreografando
as pernas entrelaçadas
num
vulcão desassisado
num
sobressalto perfeito
num
êxtase compassado.
Toma
o meu braço quente
os
alinhavos de uma perfumada flor
diadema
incrustado com pedras preciosas
pomar
frondejante que asperge algidez
em
contraponto com a febre sem esteios
dos
corpos indomáveis em bafos desaustinados
em
volteios mareados na mesa desemparelhada
sem
temor
sem
remorso
sem
as traves amuradas dos tiranos.
E
o meu braço quente em formidável torrente
em
teu leito arregaçado recebido
justaposto
à pele incensada tua
no
apogeu soalheiro sucedâneo de levitação
antes
do seu ocaso temporário
antes
de guerreiro terçar as balsas do desejo
antes
de reacender as candeias da estratosfera
sem
se render
sem
medrar na decadência
sem
recusar a entrega próxima.