29.2.16

As garras do perpétuo

Olha à tua volta:
vê os suores frios do medo
o rumor das crianças inocentes
os rostos seráficos das freiras
as vidas atabalhoadas à beira do precipício.
Olha à tua volta:
um pássaro azul exibe a fulgurância
os bancos do jardim impecavelmente pintados
as horas entoadas no sinédrio
os estragos da última intempérie.
Continua
olha nas fronteiras do teu olhar:
convoca as pedras milenares
devolve a alvura aos sorrisos desmaiados
empresta exuberância aos melancólicos
assassina loucos anjos da tibieza dos sentidos.
Na dúvida
atira o corpo para o lago de águas frias
onde sabes pertencer a um tempo
fora deste tempo.

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