25.2.16

Polícia dos costumes

Protestam palavras estrepitosas,
em arrazoado hermético
entaramelado com o vernáculo,
enquanto no adro há conversas.
Dir-se-ia ser uma conspiração,
que estes são dias
em que parece proibida a dissidência.
Não importa.
Palavras para a frente
de todas as cores e feitios
sobretudo as que cortam a eito
nos que patrulham costumes.
Palavras para a frente
a dissidir dos imperativos categóricos
que compõem o momento;
nem que não seja
só para a desarmonia
– para fruir ideias diferentes
sem arrebanhar uma razão contra outras,
que da última vez que ouvi falar
ainda havia liberdade de expressão.
Deixo-lhes desejos de bons sonhos.
E que os fígados se curem
da irrenunciável estultícia
de ultrajar os que deles se apartam.

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