18.2.16

Maremoto

Não te intimides com a voracidade das coisas.
Não tenhas medo do medo
nem te ofereças à coragem inválida.
Deixa os adereços para memória futura.
Deixa a língua da areia ser teu contraforte
deixa,
que é véspera de desassossego.
Ao teu lado
sou a fortaleza possível.
Contra os abcessos bolçados
os lugares-tenente da hipocrisia
os meirinhos que ensaiam a bonomia
mas escondem
atrás de sorrisos melífluos
a vanidade de maremotos.
Mas de maremotos
que não levantam um grama de areia.
Fogos fátuos,
pois,
lagares de vinhos azedos
matéria insubstancial em vez de coroas.
Pois de coroas,
só espinhos,
espinhos desmaiados.
Que não doem a ninguém
em estando o diapasão alinhado
com as luas que importam.

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