11.2.16

Bússola

O peito encharcado
do vinho que deitamos em nós.
As mãos treinadas
no pulsar do teu corpo.
Os olhos fundidos
em êxtase matinal.
Os percursos abonados
pela batuta eterna.
O sol poente
sem deixar vestígios atrás.
Chegamos à demanda
enquanto sopramos pétalas de rosas.
Divagamos
cantamos
dançamos
(sim, dançamos, se preciso for)
contemplamos.
Ajuramentamos o fiel do tempo
à medida do nosso olhar.
Sabemos de cor
a cor dos poros das peles nossas
a música das nossas veias.
Sabemos como subir
aos bosques frondosos só nossos
como adestrar os ramos orvalhados
e sentir o palpitar incorporado num só.
Às noites por serem noite
aos dias por serem sua antítese;
quando quisermos que a noite seja
e quando fizermos os esteios do dia.

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