23.2.16

Ouro puro

E eis que vieram
as coisas douradas
no halo da lua diurna.
Avales de anjos vários
emprestam uma aura ornada a ouro.
As palavras ganham doçura
os gestos embainham
o veludo que queremos.
E ao resto
mandamos dizer que porta outra
é a que devem vir bater.
Pois somos curadores do ouro
e o ouro nas mãos liquefaz-se
mercê do ouro havido nas mãos nossas.
E tudo se compõe
tudo se tempera
na vastidão da planície dourada.
Os olhos
passam a ter a cor do ouro.
As alvoradas enfeitam-se
com a pureza da abastança maior
dos dédalos de que nos soubemos resgatar.
É o ouro supremo
o ouro sublime:
o ouro
que só tem préstimo
como adorno das almas nossas.
Transfigurando-se
em matéria própria,
indomável e pronta.
Somos o ouro por dentro
até que o ouro seja consistência das almas
que jorram no pulsar das veias.

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