5.2.16

O novo inverno

Dá-me o sol
a centelha que derrota a penumbra.
E sabendo da luz que retalha
assobio ao alto
para ver se a invernia se eclipsa.
Lá fora
tímidas flores vicejam nos arbustos
não sei
se em sinal de primavera apressada
ou porque também querem beber do sol.
Na passagem de um tempo configurado,
à memória vêm fragmentos ao acaso.
Os mais velhos dizem deste inverno
(contristados, mas às avessas)
que se enamorou da primavera,
de tão soalheiro e ameno.
Talvez estejam errados,
os velhos:
as rosáceas vítreas
os campos floridos
as pessoas que se entristecem
com os rigores do inverno
– todos protestam a nostalgia dos velhos.
Na luz da mudança
pontos cerzidos na andadura do tempo.

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