15.2.16

Mansão

Às traves da casa
de madeira velha e estacada
pede conselho de anciã sapiência.
Mete as mãos na fuligem
andam à procura das fundações
desdizendo os agoiros maus
que lhe deitam.
Não é fácil a empreitada:
nem dos relógios das igrejas
soam compassos que aligeiram os pesares.
Apesar dos contratempos prometidos
as garças grasnam gargalhadas
e a proveta dos sentidos ensaia um sorriso.
Não são malditas as profecias
e ainda que fossem
mereciam solícito degredo.
Pois as mãos untadas pela fuligem
e o aconchego das traves centrípetas
segredam o lugar da água torrencial,
onde os desamparos se dissolvem
a melancolia se esvai na neve fresca
e o vento desenfreado
conta os segredos que despojam

o tempo do tempo.

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