Um
tributo loquaz
sem
conceitos pelo meio
apenas
um ato singelo.
Pois
da singeleza das coisas
se
batizam atributos ímpares.
Pode
não sobrar mais nada,
a
não ser um ósculo denso
que
devolve aos lábios a combustão de outrora;
ou
as variegadas páginas
que
trazem à tona as águas subterrâneas
de
um rio dantes raso de caudal;
ou
as palavras sem marca registada
as
mais simples de todas
as
mais difíceis de terçar
tão
difícil como segurar a nuvem nas mãos
ou
deitar as ondas do mar
com
a ajuda de um braço;
ou
abotoar o sobretudo para fingir o frio;
ou
falar bem alto
a
meio de anónima multidão
em
hora de ponta
a
imparável maré de um amor sem peias.
Sobejam
os arbustos à mercê da erosão
o sistema
complexo reduzido a uma equação
a
miríade de rostos indiferenciados
os
braços sequiosos de corpo
um
copo a vazar-se depressa
a
multidão que,
somada,
corporiza
milhares de anos
a
constelação de nadas em ebulição
a
afanosa sobranceria dos eruditos
e a
correspondente obnubilar de pergaminhos:
um
espelho retrovisor estilhaçado
no
arfar genesíaco do meio dia
as
espadas enferrujadas
o
cinismo sem maldade
os
choros precisos
as
juras que fazem sentido
no
meio do lugarejo desassisado
que
terá deixado de fazer sentido.
Que
as odes sejam a antítese
dos
personagens que ocupam o palco,
que
selem a indiferença dos muros açambarcados,
a
que escapa a prova dos nove,
seladas
pelos vingadores das coisas simples.
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