O apeadeiro
sem paradeiro
limalha rejeitada
no caudal seco
fotografia
a preto e branco
da
paisagem a preto e branco.
Fugiram,
as pessoas,
no desolador
teatro sem espetadores
nem sequer
atores:
sobram as
peças enferrujadas
em seu
ranger ciciado pelo vento.
Sobra o silêncio
o estridente silêncio.
E até o
vento tem a cor embalsamada
no amontoado
gutural de desperdícios.
A um canto
uma floreira
resiste.
Os jacintos
frondosos hasteiam um sorriso
contra a
implacável congeminação dos ascetas
o rio
caudaloso que recua para a nascente
as
trovoadas devolvidas às nuvens-bigorna
a vontade
sitiada.
Não contam
os lamentos:
não há
vozes para os recitar.
E até as
teias de areia são escombros
no infértil
apeadeiro.
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