22.1.18

Os não escrúpulos

O homem dos polvos
tossia para dentro das artes
todo o escárnio
como se os polvos residentes
fossem vítimas a dedo. 
Não queria saber,
o homem dos polvos,
não queria saber
que os polvos fossem apenas
fáceis vítimas. 
Os polvos
em inviável tentativa de sublevação
protestavam
contra o inescrupuloso comportamento
do homem dos polvos. 
Os venais protestos
não chegavam aos ouvidos do homem. 
Tudo o que queria
era mercar os cefalópodes
em jornada de boa colheita
para os maus vícios custear. 
O homem dos polvos
não vinha para o regaço das insónias
ao admitir tão maus privados vícios. 
Os polvos também não queriam disso saber. 
A tais horas, aliás,
as horrendas criaturas fariam as delícias
dos que amesendavam as iguarias servidas
à base da sua matéria-prima. 
Entre arrozes,
vinagretas 
e polmes para acamar os tentáculos dos polvos
o homem seu captor 
já se esquecera do morticínio:
assim como assim,
ele nem apreciava polvo. 
Os hoje, pescados polvos, souberam atestar.
O homem do polvo,
esse,
esbracejava numa refrega virulenta
contra outros polvos que o amordaçavam.

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