Um silêncio
avassalador
na planície
branca e tortuosa.
As vozes
anciãs
incessantemente
trémulas
incessantemente
estremunhadas
um lugar onde
tudo se liquefaz
nos sonhos
insubordinados.
As frases
vêm
despidas do sentido das palavras.
As pernas
querem caminhar
e não se
movem
não se
conseguem mover.
A boca
insinua um esgar
à procura
de uma palavra
uma
palavra que seja
na colheita
necessária ao malogro do silêncio.
Mas só há
silêncio
e a boca intempestivamente
contrafeita
e o corpo
inteiro a transbordar
e, todavia,
anestesiado.
Operários ungidos
de alvura
mexem no
corpo.
A leveza
toma conta das veias
e um sono sem
noite
candidata-se
a pesadelo tonitruante
a pesadelo
que rasga as baias do silêncio.
A brancura
(dormente como
é a brancura)
empresta o
palco lívido,
devora a
vontade
– desfaz a
vontade a um zero absoluto.
Na forma
de autómato
à mercê
do volúvel
encadeamento de estados
e de
palavras de outros
e de
coisas alheias
e de lágrimas-veneno.
Até a
paisagem caiada se estilhaçar
numa tempestade
de cores.
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