A casa
ordenada
pela ordem
que quisermos:
as flores
arqueadas sobre a janela
os copos
pendidos no alpendre
o mar
vertido pelas mãos nossas
as paredes
aquecidas por beijos
um mapa-mundo
– o meu
corpo-lugar
espelho do
desejo
onde
proibidos são os freios;
e as páginas
não esquecidas
as
palavras que não ditam adiamentos
as juras não
sufragadas
a claridade
estendida no vagar do céu
onde
tomamos lugar,
suas
exclusivas estrelas.
Apertamos os
corpos
contra as
tábuas maduras do tempo
e as mãos
como se
percutissem nas teclas de um piano
desenham os
versos tirados ao fundo da alma.
Os versos
que devolvem a nada o ouro.
E somos de
uma altura magnífica
– se quisermos:
deuses de nós mesmos –
na improvável
paleta de cores
no murmúrio
encantador
na música
que costura os violinos
na macia
pele que há em nós.
Já sabemos
o que é o nada
por sermos
arquitetos do tudo.
Na enseada
alisada pelo sol poente
deixamos uma
nesga do olhar.
Os lençóis
sem rumo
identificam
os corpos trespassados
na combustão
etérea.
Resgatamos
as nossas assinaturas
como se precisa
fosse a voz altiva
um pedaço
do peito franco,
entreaberto,
como as janelas
se abrem,
ímpares,
ao delicodoce
desassossego que trava o torpor.
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