25.1.18

Marasmo

À entrada da torre
ninguém discerne ser de Babel
onde as forquilhas levitam
sobre o transido,
fatigado dorso
e não há água que chegue
para a sede de todos.

Outros afivelam
(todavia sem saberem)
suas caixas de Pandora
uma bigorna mastodôntica
arqueando-se nas vértebras sacrificiais
dos seus próprios fautores.

O véu confunde-se com a sombra
adulterando o imoderado cabaz
onde frui uma miríade de saber.
Não de saber-ciência
mas de saber-saber
a candeia sem embaraços na rarefeita noite.
Oxalá pudessem os olhos
prevenir contaminações
as alavancas enferrujadas que esbarram no chão
e ditam o retrocesso nos tempos
aos meãos tempos possivelmente olvidados
ou possivelmente apenas fermentando.

Maldita dicotomia
entre o querer e o não poder
amaldiçoados sejam
os impreparos da desrazão.

Que importam
as caixas de Pandora
ou as torres de Babel?
Incineradoras implacáveis
reveses fadados à dor
insentidas elucubrações,
estéreis
Condenadas a malograr o ser.
As espadas desembainhadas
deviam estar no ponto de mira
das caixas de Pandora e das torres de Babel
as mais autênticas masmorras
onde, prisioneira, morre à sede
a vontade.

Não possam as torres de marfim
tornar-se caixas de Pandora.

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