4.1.18

& poema, Lda.

O véu transparente
arroz apanhado no restolho do vento.

A cortina sem embargo
penhor do silêncio forte.

O astuto mel silvestre
sementeira da voz contundente.

A cintura cinzelada
música desembainhada no rio venal.

As mãos atiradas à parede
tinta voraz das vozes augustas.

Os pássaros calados
desenho do firmamento visível.

O desejo sobre as fronteiras
válida escritura na gramática dos corpos.

Um gato espreguiçado
no telhado soalheiro da casa deserta.

O próximo chapéu
esteira estendida no alpendre apodrecido.

Sereias sem corpo
piscina estiolada no vapor do entardecer.

O sexo em rebuliço
oposição aos tamancos sonoros das madrastas.

A indisciplina esquartejada
limo boçal dos sacerdotes indistintos.

A perda feita órfã
nos barcos que ganharam à maré.

O tabuleiro sem regras
dados queimados na fogueira do eclipse.

O poema circunstância
súmula das semânticas cobradas.

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