5.1.18

Dever de protesto

Protesto o protesto sem causa
apenas porque apetece
ou apenas pelo dever de não dizer sim
só por ser sim
ou então
por não aceitar embainhada 
a espada diligente da crítica.
A crítica:
pois não se é dotado de perfeição
e a crítica mede o estatuto da imperfeição. 
Dirão,
em protesto contra meu protesto:
se é inata a imperfeição
descabida é a crítica
seja a contundente crítica
ou apenas a crítica pela crítica
(de como quem fala só para não estar calado).
E eu protesto
contra o protesto ao meu protesto:
desembaracem-se as vetustas teias
o penhor da comiseração;
nessa colher serve-se
não uma medida de indulgência
nem a generosa mão estendida
em demanda de recíproco tratamento,
não a salvação que esconde um fingimento,
apenas a punitiva fraqueza
o soporífero remédio da mediocridade. 
Por isso, sim:
devo uma fortuna à critica
e não deixo em hibernação o protesto
quando da voz interior
se congemina o clamor da insatisfação
(ainda que módico,
ainda que módico).

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