Protesto
o protesto sem causa
apenas
porque apetece
ou
apenas pelo dever de não dizer sim
só
por ser sim
ou
então
por
não aceitar embainhada
a
espada diligente da crítica.
A
crítica:
pois
não se é dotado de perfeição
e a
crítica mede o estatuto da imperfeição.
Dirão,
em
protesto contra meu protesto:
se
é inata a imperfeição
descabida
é a crítica
seja
a contundente crítica
ou
apenas a crítica pela crítica
(de
como quem fala só para não estar calado).
E
eu protesto
contra
o protesto ao meu protesto:
desembaracem-se
as vetustas teias
o
penhor da comiseração;
nessa
colher serve-se
não
uma medida de indulgência
nem
a generosa mão estendida
em
demanda de recíproco tratamento,
não
a salvação que esconde um fingimento,
apenas
a punitiva fraqueza
o
soporífero remédio da mediocridade.
Por
isso, sim:
devo
uma fortuna à critica
e
não deixo em hibernação o protesto
quando
da voz interior
se
congemina o clamor da insatisfação
(ainda
que módico,
ainda
que módico).
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