Na boca impossível
fragmentos da liberdade
coabitam na coreografia mundana.
Mundanos
não somos todos
nós?
Neste campo trivial
não se alojam profecias
o úbere cansado de adivinhos sem rosto.
Quem são os oráculos, então?
Na sala em forma de labirinto
rareiam as ajudas
uma espécie de oxigénio rarefeito
em altitude,
a mesma altitude que é a estatura abissal.
Os escafandros estão de lado
e o mar pode esperar.
Na boca improvável
toda uma fala por dizer.
Toda a noite por andar
nas ramificações dos sonhos
que se desmembram em sonhos outros
um ponto-e-vírgula perplexo
sem sincopadas avenidas por perto
sem druidas escondidos no avesso das mãos.
Na boca visível
a saliva métrica
o suor molecular
e os poros abertos
sedentos
entoando a aventura corpórea.
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