Chegará a altura
num devir qualquer,
apessoado como devem ser
os devires maneiros,
de seres tu a providenciar
o teu banco dos réus
de onde
em contundente exercício heurístico,
como exsudação sucedânea do divino,
de ti dirás
as coisas banais
que todos de si dizem
e em ti afundarás
num lodo sem remissão,
tão lodo como o lodo onde se aprisionam
as botas encardidas que tuas não são,
e de ti não arrependerás
as lúdicas pudicícias
os audazes dizeres
a monumental praça onde expostos estão
os proverbiais equívocos
o epicurismo incurável.
Chegará a altura
em que olimpicamente serás
arquiteto do risível
que te desembaraça a gargalhada em golfadas
e de ti farás
o mínimo denominador comum
ator fora do palco
(ou palco sem ator,
ainda não sei)
a permanente dor de cabeça que se consome
consoante muda
atoarda à prova de bala
a moeda enevoada perdida no pântano
gergelim fora da horta então seca
participante da horda sem apeadeiro
imperativa recusa
de ti mesmo.
E de tudo isto
em barda solenemente erguida
com vista para uma esplanada sem mar
dirás
que desta linhagem és produto
e de outra não quererás paradeiro
por a saberes não tua.
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