16.3.20

Princípio da reparação compulsiva

Não encerrei os portos difusos
na aguarela vasta em que repousavam
os olhos sem sono. 
Os dedos viajavam pelos ponteiros
e os minutos não perdiam o rumo das horas
por mais que a teimosia quisesse abrandar
os cais por onde os marinheiros se saciam
de terra firme
e de corpos.
Era o incenso 
que se debatia nos fósforos amarelecidos
e não havia lareiras a tempo 
dos comboios sem paragem.
Ao menos
do paradeiro não sobrava escolástica
e não precisei de epifanias
para esconjurar divindades sem prestígio
(que são todas elas).
Amanhã
trago ao peito a luz diametral
o dinheiro sem nome
os rostos sem nome
até os lugares sem rosto nem nome,
pedestais sem miradouro
um periscópio ubíquo.
Pode ser que sejam inventados 
os verbos liminares que abrem as portas
e dos limões ancestrais afinem a gramática.

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