O pobre coiote
sempre derrotado
sempre espalmado
ou tisnado pela dinamite
ou eletrocutado por uma aleatória trovoada
(sorte a dele:
em crédito
tinha mais do que sete vidas)
faminto,
incapaz de aprisionar o pássaro.
O pobre coiote
no papel de caçador
sem arcar com o estigma da maldade,
metáfora intransitiva da desrealidade:
ao contrário das fábulas contadas aos infantes,
e em contravenção do imaginário da sétima arte,
nem sempre tudo se reduz
à binária lente dos bons e dos vilões.
Essa
é a melhor metáfora da aprendizagem
dos infantes
(e mnemónica dos pós-infantes):
Num teatro sem vilões
uma personagem é castigada
com um deserto de sorte.
Sem comentários:
Enviar um comentário