25.3.21

Diurese semântica

Estou zangado com as palavras

e atiro a matar

contra as claras que se acastelam

no hipotálamo da cisão.

Não sei se as rasuro,

às palavras dissidentes,

pelo topete de se agigantarem contra mim

e quererem colonizar o meu sangue.

É desigual

o terçar de armas:

as palavras nem sabem 

que com elas me zango

e não darão devida conta

do meu rasurar impenitente.

Mas essas palavras insubmissas

que torpedeiam o meu apenas estar

 

(não poderia dizer que é bem-estar)

 

colhem o lilás das bandeiras

e enfeitam as janelas com cadáveres de flores

povoando os lugares 

com pútrida

poluição.

Não viro a cara ao terçar de armas

com as palavras com que me zanguei,

por mais que elas esbarrem

fragorosamente

no conceito do meu rosto 

que parece

a carne para canhão

 

(como é na linguagem castrense).

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