Disponho os garfos fundentes
na mnemónica das mãos quentes
e faço da reserva mental,
com o aparato da discrição,
a água que emerge da maré.
Não sei quantas balas preciso
para o tear da paz;
desconfio que sejam muitas,
incontáveis balas,
murmura o engenheiro da sabedoria
enquanto à minha volta
não vejo rostos nem sinto nomes.
Revejo expressões idiomáticas;
são tão irrisórias
que mais deviam ser
expressões imbecilocráticas.
Lá vêm as balas
cobertas com o bolor dos arcanos
rangendo metáforas demenciais
convencidas que falam mais alto
do que as palavras.
As balas caem no vazio.
Espera-se que a sua quentura
seja o lugar-comum que sepulta
os estultos.
Deste fogo cruzado
não quero participação.
As vítimas inocentes,
uma contradição de termos,
são incineradas no vagão ferrugento
que desaprova a lucidez.
São a prova do bestiário
que é o palco do mundo.
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