Jurava que o contexto
era a parte do verbete
que menos interessava.
Os dias movem-se
pelos dados atirados ao jogo
e ninguém tinha uma teoria
sobre o comportamento dos dados
(e a correspondência dos feitos).
Podia ser da marcha-atrás
que às vezes é o penhor em falta
ou apenas
a indizível farsa
desenhada na silhueta das palavras.
E elas,
as palavras,
reunidas na boca do vulcão,
acertadas no limiar do medo,
entoavam uma prece
murmurada no estreito muro das sílabas
enquanto à volta a chuva entrava no cais
e as palavras impetravam
a luz sibilina que juntava as bocas ávidas.
As sílabas abraçavam-se
num tentava
não vã
de compor os lados visíveis dos sonhos.
Numa estimativa aproximada
as pessoas alinhadas no sopé do vulcão
esperavam pelo sinal das palavras
como se elas fossem
o rastilho sem embaraço
o caudal que se oferecia ao navio
ainda em doca seca,
a contrafação dos boçais.
Já ninguém esperava
pelos engenheiros das almas.
O palco está cheio de partidas.
Por cada tempestade
antecipam-se manhãs puídas
os olhos macilentos
esconjuram as marés vivas
deixando a água a remoer-se
no tamanho do dia.
Não sabiam do que estavam à espera
as palavras pacientes na embocadura do vulcão
e as pessoas que as testemunhavam tão pouco,
como se as palavras
pudessem ser ateadas pela lava
que ninguém esperava.
O palco estava armadilhado,
alguém sussurrou.
Logo se saberia
quando o fermento transbordasse do estuário
e a matéria-primasse se cindisse
nas estrelas avulsas que tutelam as juras.
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