As recordações do futuro
– dizias,
mastigando os despojos de um dia
que parecia o disfarce do tempo.
A boca murmurava os hábitos
e as páginas precisavam de aval
para serem levadas a sério.
Não tenho um oráculo
– dizia,
olhando para a escotilha
que vigiava o mar errático.
Os gatos apreciam a noite
e as sentinelas não se apagam
no crepúsculo kamikaze.
Acredito no futuro flamífero
– dizias,
enquanto atiravas fósforos
contra as montanhas que se levantavam
perto do posto de vigia
mesmo na embocadura do nevoeiro.
Não sei dos fogos vindouros
– dizia,
desde o palácio dos frutos prometidos
dando água aos poetas
que não capitulavam aos barbantes
das almas aprisionadas por dentro de si.
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