19.3.21

Ecuménico

Tinjo

a aguarela

com o sangue

do desespero.

O sangue

não é meu,

nem o desespero.

Apenas os ouço

em surdina

querendo feitoria

no meu alabastro.

Da aguarela

pressentem-se

as cicatrizes do medo.

O oráculo

invade o tempo

leva-o

a um forasteiro lugar.

Disseram

que a aguarela

já puída

perdeu valor.

Conservo a moldura

por via das dúvidas

não vá ser precisa

para emudecer

o desespero

por ora

apenas em surdina.

A aguarela

tem paradeiro incógnito.

Nem os aflitos

que a assinaram

convocam a sua posse. 

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